quarta-feira, 3 de novembro de 2010
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Os portugueses
Jorge Luis Borges tinha antepassados Portugueses, "ténues como se nunca tivessem sido"
Los Borges
Nada o muy poco sé de mis mayores
portugueses, los Borges: vaga gente
que prosigue en mi carne, oscuramente,
sus hábitos, rigores y temores.
Tenues como si nunca hubieran sido
y ajenos a los trámites del arte,
indescifrablemente forman parte
del tiempo, de la tierra y del olvido.
Mejor así. Cumplida la faena,
son Portugal, son la famosa gente
que forzó las murallas del Oriente
y se dio al mar y al otro mar de arena.
Son el rey que en el místico desierto
se perdió y el que jura que no ha muerto.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Innocent when you dream
Nunca gostei particularmente do Tom Waits; para dizer a verdade (sacrilégio!) sempre me irritou a sua voz etilizada; isto apenas para dizer que nunca estamos protegidos contra o futuro que nos ultrapassa pelo espelho retrovisor e que, por isso e ainda bem, posso confessar que, no final da primeira década dos anos zero-zero, estou rendido. Esta "Innocent when you dream" é do album "Franks Wild Years", de 1986, "Un operachi romantico in two acts", que escreveu com a mulher Kathleen Brennan.
The bats are in the belfry
the dew is on the moor
where are the arms that held me
and pledged her love before
and pledged her love before
It's such a sad old feeling
the fields are soft and green
it's memories that I'm stealing
but you're innocent when you dream
when you dream
you're innocent when you dream
I made a golden promise
that we would never part
I gave my love a locket
and then I broke her heart
and then I broke her heart
Running through the graveyard
we laughed my friends and I
we swore we'd be together
until the day we died
until the day we died
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Nós, os Humanos
Hoje, ao tentar inscrever-me num site, o meu ecrã foi invadido por uma janela secundária que dizia mais ou menos o seguinte: "Prove que é Humano, Conecte-se pelo Facebook".
Fui-me logo embora, não fossem descobrir alguma coisa.
Fui-me logo embora, não fossem descobrir alguma coisa.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Manual de instruções
De acordo com o princípio de que tudo pode ser divertido, porque não redigir uma tese de doutoramento? Se algum dia isto lhe passou pela cabeça, então, é um caso perdido, mas não desista nem entre em pânico. Aliás essa é a primeira regra, a segunda e a terceira, nunca entrar em pânico. Se conseguir dominar estas três é muito provável que algum dia chegue a terminar. As instruções para o fazer são muito simples e não vale a pena procurar o livro do Umberto Eco, "Como se faz uma tese", pois não vai descobrir nada, desengane-se. Escrever uma tese de doutoramento é um mistério que nunca ninguém resolveu e por isso não vem com um manual de instruções. É como viver, mas por menos tempo; embora também possa ser uma forma de vida. Tal como nesta, a única coisa que vai aprender será a dominar a ansiedade e o medo. O medo de não conseguirmos, o medo de não sermos suficientemente inteligentes, enfim, o medo de um apagão informático. Não pense, no entanto, que não vai começar a construir algumas regras práticas de sobrevivência, que mais não são do que máximas de sabedoria invertida que vai repetindo à medida das circunstâncias. Por exemplo, se der por si a ler uma tese de doutoramento de alguém e a pensar que nunca vai conseguir escrever algo do género, não esmoreça, essa pessoa também pensou o mesmo. Se olhar para o lado na biblioteca e alguém estiver a escrever com violência, como se tivesse tido um ataque de inspiração, não tenha inveja, está a escrever este texto. Se começar a ouvir os barulhos do estômago das pessoas na sala, não perca tempo, vá tomar um café, pois já perdeu a concentração. Ou então, dirija-se à sala de fotocópias para praticar, pois será o único passatempo em que algum dia será mestre, se não o for já, entenda-se. Se der por si a ficar feliz por ter encontrado aquele livro que lhe faltava e que lhe vai facilitar as coisas, não tenha ilusões, apenas lhe vai abrir a porta para outras dimensões do problema, aquelas em que nunca tinha pensado e que lhe vão exigir ainda mais trabalho. Sim, porque escrever uma tese de doutoramento não tem fim, é apenas um interminável labirinto de ideias. Se der por si a gostar do que está a fazer, aí mude de plano, pois nunca vai mesmo terminar. Seja curto, seja directo, seja original, não brinque com o tamanho das letras a menos que sofra de miopia e, sobretudo, despache-se, pois há coisas muito mais interessantes para fazer.
terça-feira, 23 de março de 2010
Cataplana de música
Uma breve nota, só para vos dizer que não sabem o que perderam, ontem, no São Luiz. Podem sempre comprar os discos, mas não é a mesma coisa. Vão, vão lá ver os XX, seus carneirinhos.
Ah, é verdade, também por lá passaram os Sweet Billy Pilgrim.
Ah, é verdade, também por lá passaram os Sweet Billy Pilgrim.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
E tu, tiras o plástico?
Um dos meus passatempos preferidos é elencar grandes divisões da humanidade, umas mais universais, outras mais circunstanciais ou mesmo insignificantes, assumindo que não é o seu valor em absoluto que está em causa.
Mac ou PC? Canon ou Nikon? Madrid ou Barcelona? Londres ou Paris? Em regra, quem gosta mais de Madrid gostará mais de Londres, e quem prefere o MAC ao PC terá uma CANON e não uma NIKON, e vice-versa para ambos os casos. Qualquer regra comporta, no entanto, possíveis combinações ou excepções, a começar por mim, que gosto mais do meu MAC mas prefiro a NIKON, bem como gosto mais de Madrid mas prefiro Paris a Londres. O objectivo deste exercício verdadeiramente inútil é tentar encontrar padrões de comportamento ou de personalidade através do cruzamento ou da análise individual de tendências idiossincráticas.
Uma das minhas divisões favoritas é a que se verifica entre aquelas pessoas que tiram o plástico e as que não o tiram. Comprou recentemente um telemóvel novo? Tirou imediatamente o plástico que envolve o ecrã? Em caso de resposta afirmativa, então é bem capaz de fazer amigos no avião, não levar para casa as ofertas do hotel, gesticular enquanto fala, ler o jornal do fim para o início, não pôr açúcar no café, ter apenas um telemóvel, nunca guardar facturas daquilo que compra, nunca fazer a mala um dia antes de partir e ser um dos felizardos que acorda sempre bem-disposto, apenas para expor algumas das minhas “grandes divisões”.
Tirar o plástico pode mesmo ter manifestações de grande dimensão, como aquelas pessoas que constroem uma casa gigantesca, mas vivem no anexo ao lado, para não a estragar. Estas pessoas não retiram o plástico das suas próprias casas e seguramente de todo o seu recheio, incluindo o microondas, a cama e de certeza que colocam a sua escova de dentes dentro de uma caixa de plástico depois de cada utilização. Terão também os sofás envolvidos em lençóis ou colchas de algodão (brancos!), para os preservar, e o sexo, escusado será dizer, também será às escuras, para protecção.
Não arrancar imediatamente o plástico, com lentidão e satisfação, como eu faço, pode ser considerado, contudo, com grande liberdade e tolerância de espírito, uma prova de autocontenção ou de autoconfiança, enfim, uma demonstração de profundo desprezo por uma película transparente que afinal não é assim tão importante. Para mim, no entanto, é como comprar um telemóvel e não o ligar, para não descarregar a bateria. Com a desvantagem de que uma bateria não deixa uma ponta irritante levantada que é um autêntico convite ao disparate.
Consciente da importância do plástico para estes defensores de armaduras para hardware, orgulho-me de já ter arrancado dois ou três plásticos a pessoas de quem não gostava. O resultado é garantido, uma espécie de vudu indirecto com consequências instantâneas.
E tu, já tiraste o plástico a alguém?
Mac ou PC? Canon ou Nikon? Madrid ou Barcelona? Londres ou Paris? Em regra, quem gosta mais de Madrid gostará mais de Londres, e quem prefere o MAC ao PC terá uma CANON e não uma NIKON, e vice-versa para ambos os casos. Qualquer regra comporta, no entanto, possíveis combinações ou excepções, a começar por mim, que gosto mais do meu MAC mas prefiro a NIKON, bem como gosto mais de Madrid mas prefiro Paris a Londres. O objectivo deste exercício verdadeiramente inútil é tentar encontrar padrões de comportamento ou de personalidade através do cruzamento ou da análise individual de tendências idiossincráticas.
Uma das minhas divisões favoritas é a que se verifica entre aquelas pessoas que tiram o plástico e as que não o tiram. Comprou recentemente um telemóvel novo? Tirou imediatamente o plástico que envolve o ecrã? Em caso de resposta afirmativa, então é bem capaz de fazer amigos no avião, não levar para casa as ofertas do hotel, gesticular enquanto fala, ler o jornal do fim para o início, não pôr açúcar no café, ter apenas um telemóvel, nunca guardar facturas daquilo que compra, nunca fazer a mala um dia antes de partir e ser um dos felizardos que acorda sempre bem-disposto, apenas para expor algumas das minhas “grandes divisões”.
Tirar o plástico pode mesmo ter manifestações de grande dimensão, como aquelas pessoas que constroem uma casa gigantesca, mas vivem no anexo ao lado, para não a estragar. Estas pessoas não retiram o plástico das suas próprias casas e seguramente de todo o seu recheio, incluindo o microondas, a cama e de certeza que colocam a sua escova de dentes dentro de uma caixa de plástico depois de cada utilização. Terão também os sofás envolvidos em lençóis ou colchas de algodão (brancos!), para os preservar, e o sexo, escusado será dizer, também será às escuras, para protecção.
Não arrancar imediatamente o plástico, com lentidão e satisfação, como eu faço, pode ser considerado, contudo, com grande liberdade e tolerância de espírito, uma prova de autocontenção ou de autoconfiança, enfim, uma demonstração de profundo desprezo por uma película transparente que afinal não é assim tão importante. Para mim, no entanto, é como comprar um telemóvel e não o ligar, para não descarregar a bateria. Com a desvantagem de que uma bateria não deixa uma ponta irritante levantada que é um autêntico convite ao disparate.
Consciente da importância do plástico para estes defensores de armaduras para hardware, orgulho-me de já ter arrancado dois ou três plásticos a pessoas de quem não gostava. O resultado é garantido, uma espécie de vudu indirecto com consequências instantâneas.
E tu, já tiraste o plástico a alguém?
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