quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Com um mês de antecedência
Mark Strand, um poeta americano, nascido em 1934 e espero que ainda vivo, escreveu, em 1990, um poema em prosa, a que chamou From a Lost Diary, que uma grande amiga e uma das minhas referências pessoais me deixou na caixa de correio, há quatro anos atrás, pelo menos, ou estarei enganado? Começava com um desarmante I had not begun the great journey I was to undertake. I did not feel like, para continuar, mais à frente, com um tão pessoano There is so much not to do!
No início desta semana, num intervalo do Roberto Bolaño, regressei ao Philip Roth, The Dying animal, que uma outra grande amiga me ofereceu, provavelmente não tão segura de si como a anterior, sem razão, mas com igual força de temperamento e de personalidade. A admiração que tenho pelas duas é idêntica, embora nenhuma saiba. Na página 5 cruzei-me com o adjectivo poignant, que num dos seus possíveis sentidos podemos traduzir por pungente, mas que já ganhou muitos outros entretanto.
Porquê tudo isto?
Estou a preparar uma exposição de fotografia, para inaugurar daqui a um mês, e entre a escolha das ditas e do respectivo conteúdo, fui confrontado com uma questão recorrente: porquê expor ou mostrar alguma coisa? Qual a razão que nos leva a sujeitar à crítica alheia, quando podemos permanecer na nossa zona de conforto na qual todos somos autores brilhantes. Qual é a vontade que nos conduz e que nos faz dizer I did feel like. Talvez apenas porque um amigo nos desafia para isso mesmo, como aconteceu, sem qualquer pretensão, apenas pela amizade e pelo reconhecimento, nunca objectivo, obviamente, por aquilo que de alguma forma criamos.
O flyer anterior é isso mesmo: a exposição já tem um nome, porventura provisório, vai-se realizar e devo-a a todas as pessoas com quem me cruzei nos últimos oito anos. Sim, a ti também.
Nunca serei artista, mas gosto de criar, disse Ésquilo.
No início desta semana, num intervalo do Roberto Bolaño, regressei ao Philip Roth, The Dying animal, que uma outra grande amiga me ofereceu, provavelmente não tão segura de si como a anterior, sem razão, mas com igual força de temperamento e de personalidade. A admiração que tenho pelas duas é idêntica, embora nenhuma saiba. Na página 5 cruzei-me com o adjectivo poignant, que num dos seus possíveis sentidos podemos traduzir por pungente, mas que já ganhou muitos outros entretanto.
Porquê tudo isto?
Estou a preparar uma exposição de fotografia, para inaugurar daqui a um mês, e entre a escolha das ditas e do respectivo conteúdo, fui confrontado com uma questão recorrente: porquê expor ou mostrar alguma coisa? Qual a razão que nos leva a sujeitar à crítica alheia, quando podemos permanecer na nossa zona de conforto na qual todos somos autores brilhantes. Qual é a vontade que nos conduz e que nos faz dizer I did feel like. Talvez apenas porque um amigo nos desafia para isso mesmo, como aconteceu, sem qualquer pretensão, apenas pela amizade e pelo reconhecimento, nunca objectivo, obviamente, por aquilo que de alguma forma criamos.
O flyer anterior é isso mesmo: a exposição já tem um nome, porventura provisório, vai-se realizar e devo-a a todas as pessoas com quem me cruzei nos últimos oito anos. Sim, a ti também.
Nunca serei artista, mas gosto de criar, disse Ésquilo.
5 comentários:
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Acho que há sempre uma dose de adrenalina associada a essa exposição, à saída da zona de conforto. Felicidades
porque se te colocaste a questão - "porquê expor ou mostrar alguma coisa?" - és alguém que nunca se perdoaria se não o fizesse, com a oportunidade apresentada à sua frente. E a partir daí já não há outra hipotese! xx
Eu sei, eu sei, Susana!
Acho que há várias razões para nos expormos:
-penso que um dos principais objectivos da arte é precisamente a comunicação (não é?) e, assim, ela deixa de o ser verdadeiramente se não for submetida à observação alheia..é como aquela história da sequóia que cai numa floresta inabitada - não faz barulho pois não está lá ninguém para ouvir..
-parece-me que há sempre algo de exibicionista em nós (correct me if I´m wrong
-por último,parafraseando Pessoa:"O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste."
-penso que um dos principais objectivos da arte é precisamente a comunicação (não é?) e, assim, ela deixa de o ser verdadeiramente se não for submetida à observação alheia..é como aquela história da sequóia que cai numa floresta inabitada - não faz barulho pois não está lá ninguém para ouvir..
-parece-me que há sempre algo de exibicionista em nós (correct me if I´m wrong
-por último,parafraseando Pessoa:"O que escrevo, e que reconheço mau, pode também dar uns momentos de distracção de pior a um ou outro espírito magoado ou triste."
nunca expus no sentido formal da coisa, mas já estive exposto... mais tarde percebi que simplesmente tentava transmitir algo que não conseguia verbalizar.