sexta-feira, 1 de maio de 2009
Quem tem uma pergunta?*
Apesar de europeísta por convicção, a relação da União Europeia com os seus cidadãos recorda-me a história que Jean-Claude Carrièrre regista na sua Tertúlia de Mentirosos, a propósito de um eremita cristão, com os pés em sangue e a cabeça a arder pelo sol que corria sem destino pela areia e gritava a todos os ecos do deserto, “Tenho uma resposta! Tenho uma resposta! Quem tem uma pergunta?”
Enquanto os cidadãos europeus não se levarem a sério nesta qualidade e não utilizarem o principal instrumento de influência de que dispõem, os partidos políticos continuarão a assobiar para o lado e a cidadania europeia não deixará de ser, nesta medida, mais do que um mero expediente burocrático destinado a conferir uma aparência de legitimidade a um sistema político que carece desesperadamente de mais participação cívica e democrática. Mais do que uma pergunta, os cidadãos europeus deveriam ser convidados a apresentar uma resposta, mas para isso, no dia 7 de Junho, não se podem demitir das suas responsabilidades.
* Artigo sobre as eleições europeias para continuar a ler no próximo número da Revista Obscena que será apresentado na Livraria Trama, na próxima 3.ª-feira, dia 5 de Maio, o meu mês.
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