quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Empatia
No início da semana, Karen Armstrong (1944) perguntou-me se era feliz com aquilo que fazia ("Are you happy with what you're doing?"). Demorei dez minutos a responder, o que só por si revela muito sobre a minha capacidade para me auto-iludir. Depois disse-me que entre uma doença crónica, ter sido freira e ter ficado sem emprego, apenas encontrou o seu próprio caminho aos 50 anos. Karen passou a escrever sobre religião e história das religiões, sem qualquer ressentimento, tendo publicado o seu primeiro best-seller "A History of God , em 1993.
Na terça-feira passada, na Fundação Calouste Gulbenkian, defendeu que a "questão religiosa" não era realmente religiosa, mas política, e que dialogar não significa apenas falar, mas também ouvir e estar preparado para mudar. Segundo Karen, as três grandes religiões monoteístas são apenas uma variação de um mesmo princípio, o da empatia, o do não faças ao outro o que não farias a ti mesmo, o que torna irrelevante quase tudo o resto. Às vezes é necessário devolver a simplicidade às questões, mas nem todos têm esta capacidade.
No final da nossa conversa, respondi-lhe que aquilo que fazia me permitia conhecer pessoas como ela, o que é muito valioso.
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