sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Variedades suecas



Cheguei cedo, talvez cedo de mais, mas àquela hora as pessoas já se alinhavam pela porta de entrada, à espera de um lugar ao lado do palco. Passado pouco tempo, a fila já era um grande arco. Depois de entrar, lá consegui um lugar mais do que privilegiado, uma autêntica novidade para mim. À minha frente tinha apenas um casal que ultimava o seu passatempo preferido: escrever “hug me”, neste caso nas próprias mãos, e esperar pelo momento apropriado para conseguir a atenção do artista e receber o referido abraço. Pareceu-me um pouco patético, confesso, mas quem sou eu para julgar os hábitos das pessoas. “Ontem conseguiu um tele-beijo”, dizia-me a namorada com um orgulho evidente. Esqueci-me de perguntar de quem e o que é um tele-beijo. Enfim. A dita namorada tinha pouco mais de um metro e cinquenta, o que me proporcionou uma vista tão desafogada quanto próxima da Lykke Li. E aqui chegamos ao que interessa. Depois de quase um ano a falar da senhora sueca, finalmente tinha-a à minha frente. Permitam-me, por isso, um comentário lateral para afirmar que a Lykke Li, a Marina Mota que me perdoe, tem as pernas mais bonitas que o Parque Mayer viu em muitos anos. Entrou, mexeu-se, remexeu-se, tocou, cantou, pulou, encantou. Aqueles saltinhos que quase simulam um desmaio são inesquecíveis e a sua voz megafónica permanece no subconsciente por bastante tempo. A versão de Cape Cod Kwassa Kwassa, dos Vampire Weekend, apanhou-me desprevenido, mas foram as suas próprias músicas que se transcenderam, conquistando ao vivo uma energia que no disco é mais dissimulada. Nota-se que é no palco que a personalidade de Lykke Li se desenvolve e essa euforia passa para quem está a assistir, por contraste com a outra sueca do festival, Sarah Assbring, que fez o apoio vocal em duas músicas, e parecia estar em lamento constante pela morte do seu animal de estimação. Para mim, faltou a “Time Flies”, mas menos de uma hora de concerto não dá para muito mais e o que tivemos foi o melhor concerto do Super Bock em Stock. Faltou outra coisa, muito mais importante, mas essa não posso nomeá-la aqui.
Publicada por Rui Hermenegildo à(s) 22:56 |  

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