quinta-feira, 6 de novembro de 2008
McCain-Obama
Tentei não escrever sobre a noite passada. Não porque não me apetecesse, mas apenas porque queria esperar que desaparecesse o travo amargo que experimentei ao ouvir o discurso da vitória. Não me interpretem mal, desde a primeira hora fui um apoiante entusiasmado do agora Presidente. Mas depois de ouvir o refrão “to change” tantas vezes, queria que este significasse mais do que a conjugação de um verbo de oportunidade. Senti também um pouco o vazio do amante depois da conquista. Um presidente negro eleito nos Estado Unidos com 349 votos, até ao momento, e maiorias no senado e no congresso configuram, no entanto, aquilo que se pode considerar uma vitória em toda a linha, sem prejuízo das leituras laterais que possam ser feitas ou das narrativas históricas que se queiram construir. Se as coisas forem bem feitas, o que todos esperamos e ansiamos, esta vitória pode traduzir-se numa mudança significativa - não tenho assim tantas ilusões - da sociedade americana e, por contaminação, de todos nós. Desde logo e de forma a conseguir evitar alguns (ainda) possíveis desastres até Janeiro, Obama tem de escolher a equipa o mais rapidamente possível, sem erros de casting nem políticas de bastidores ou concessões partidárias. A conjuntura não se compadece com movimentos dilatórios e saber quem irá ser o próximo Secretário de Estado do Tesouro, por exemplo, poderá introduzir alguma serenidade nos mercados e nos consumidores.
Seria injusto, no entanto, afirmar que a vitória pertence apenas a Obama, ou a Bush, pois houve muitos erros não forçados ou até alguma ingenuidade de McCain. Até parece que os fez propositadamente, pois o seu percurso e personalidade fazia adivinhar uma campanha bem mais disputada ou, pelo menos, discutida a um outro nível. E já nem me refiro ao desastre Sarah Palin, porque não gosto de concordar com José Saramago em público.
Seria injusto, no entanto, afirmar que a vitória pertence apenas a Obama, ou a Bush, pois houve muitos erros não forçados ou até alguma ingenuidade de McCain. Até parece que os fez propositadamente, pois o seu percurso e personalidade fazia adivinhar uma campanha bem mais disputada ou, pelo menos, discutida a um outro nível. E já nem me refiro ao desastre Sarah Palin, porque não gosto de concordar com José Saramago em público.
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